17- Estar no casulo



A mãe de Sofia era uma pessoa bonita. Seu nome era Alice, uma mulher alta, forte. Descendente de libaneses, tinha a pele morena e os olhos grandes, escuros. Os cabelos negros ficavam sempre presos com um coque. Tinha a voz forte, sorriso aberto. Era muito carinhosa.
Certa vez, ela fez uma viagem a trabalho para a Índia. Sofia sentiu muito a ausência da mãe. Quis conhecer melhor o lugar onde ela estava. Por causa disso, conheceu histórias da Índia que não imaginava existirem. Ela pensava: "Se minha mãe não tivesse fazendo essa viagem, eu demoraria muito para descobrir a Índia".
Quando a mãe voltou de viagem, as duas passaram noites e noites conversando empolgadas sobre o país.
Sofia estava determinada a viver seu presente. Sabia que algo havia acontecido, mas ela era a mesma pessoa. A mesma que desfaleceu no trabalho.
Teria que decifrar o que aconteceu entre o desmaio no trabalho e o lugar onde acordou. Não sabia o que havia acontecido nesse período, nem como. Mas descobriria. Era uma questão de tempo.
Desceram uma escada subterrânea e chagaram a um novo pavimento. Um corredor pequeno, com seis portas.
Era muito escuro. Luzes fracas se acendiam conforme os quatro iam passando. Matheus pegou a chave e abriu a porta tranquilamente. Parecia uma rotina constante na vida de todos.
Ao entrarem, Sofia não queria que as crianças percebessem sua total ignorância das coisas. Buscou respostas e encontrou.
Uma voz conduzia sua mente. Quase de forma mecânica, ia fazendo tarefas que sabia serem suas. Entrou, deixou a bolsa no cabide. Abriu a porta do banheiro e tirou quatro caixas de um material parecido com isopor. Colocou perto das camas e destampou. Pegou uma garrafa de água grande que estava embaixo da pia. Derramou um pouco sobre uma bacia e disse: "Pronto. Todos para o banho. Minkah, você primeiro".
O menino tirou uma toalha pequena e enrolada de dentro da caixa. Entrou no banheiro com um pouco de água separada em uma caneca e a toalha. Iria tomar seu banho.
Assim fizeram todos, inclusive Sofia. Embora sua consciência estivesse perplexa com a situação inusitada, seu inconsciente reconhecia a normalidade daquela situação. Na sua vez, entrou no banheiro e ivrou-se daquela poeira afinal.

Comentários

  1. Boa a história. Vale a pena acompanhar.
    Sobre a vida no futuro, sugiro também o blog http://vidadepoisdos50.blogspot.com

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